quinta-feira, 30 de julho de 2009

Barba

Olhei-me ontem no espelho, não ontem antes de hoje, e sim, ontem de meu pretérito imperfeito, vi no rosto uns fiozinhos chamei de “barba”. Falei com um sorrisinho bobo “poxa estou virando homem”. Mas depois filosofando bem cheguei à conclusão, que era o mesmo velho menino que se perdia em seus sonhos, perseguindo sonhos. O mesmo que bancou o otário, acreditando que tudo ficaria melhor se o mundo girasse ao contrário.
Hoje sou um homem de barba e não de “fiozinhos”, sou sério, trabalho muito e rio pouco. Quando sobra um tempo no meu dia a dia super lotado de atarefado, tomo um cafezinho forte, trago-o de casa, pois o daqui é muito fraco. Tem gente que espalha por aí que sou mão de vaca, por trazer café de casa. Porém acredito que mão de vaca tem o nosso chefe, pois o mesmo exige que compremos nosso café. Em todos os outros escritórios os chefes compram café, só aqui que não. Por esse motivo digo os que me chamam de mão de vaca são puxa sacos.

Meu maior problema atualmente com a barba é quando tomo um copo de leite e encima do bigode forma-se um segundo bigode branco e melado. Não falo mais sobre isso perto dos amigos do futebol, já que pode haver uma ambigüidade muito sacana em “bigode branco e melado”. Pior é quando almoço em algum restaurante e acabo me atrasando, fico sem tempo de passar no banheiro e quase sempre saio com um arroz na barba. No caso de atraso sempre dou um jeito no hálito, com uma balinha de hortelã ou menta, mas o arroz sempre fica ali penduraradão, pra todos caçoarem de mim. Acreditem ninguém nunca avisa, apenas zombam.

Voltando ao meu pretérito mais que imperfeito, mais uma vez, me lembro antes de ganhar os fiozinhos, quando limpava na toalha de mesa o bigode de leite que se formava no café da manhã. Nessa época ainda morava no campo e tinha um único primo que não ficava com bigode, ele mamava diretamente na teta da vaca, erghhhh.

Já tive vários estilos de bigodes e barbas Jesus Cristo, Fu Manchu, Fred Mercury, Raul Seixas e muitos outros. Dentre todos, e todas as zueiras que os mesmos trouxeram, só tive problemas reais com o estilinho Hitler. Tomei uma sova nervosa quando passei perto de uma passeata de jovens a favor de uma cota para afro descendentes em faculdades publicas e federais. Só me lembrei com quem estava parecendo, é esse nanico alemão traz problemas até hoje.

Depois de um tempo resolvi adotar algo mais social pra conseguir um emprego, este mesmo que estou até hoje. No dia da entrevista entrei na sala e me deparei com o que hoje, chamo de chefe, parecia um bode velho e eu havia raspado minha barba que já tinha até trancinhas.

Bons tempos eram aqueles, em que eu só desejava barba e corria atrás de meus sonhos, agora todos estão destruídos, não tenho a mulher que amo e a que tenho vivi reclamando da minha barba, meus filhos me odeiam, odeio meu emprego e tenho mais pelo no queixo do que na cabeça. E só agora com a experiência proporcionada pelos meus fiozinhos, percebo que meu maior ídolo, que fazia o mundo girar ao contrário, não tinha se quer um fiozinho de barba.

Um comentário:

Sanchez disse...

hauahuahuahuahuahaua amei o duplo sentido!hauhauhauhaua
Barbudos são style! Acho chic!
Mas bah guria, se os sonhos antigos morreram, construa outros! Não desisteeeee...
Besos

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